quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Cade recomenda restrições à fusão que criou gigante do ensino no país: Órgão considera que união entre Anhanguera e Kroton gera concentração em alguns municípios

Superintendência-Geral vê risco a alunos, como aumento de preços; Kroton diz que buscará solução negociada
RENATA AGOSTINIDE BRASÍLIA
A Superintendência-Geral do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) detectou problemas concorrenciais na fusão entre os grupos de educação Anhanguera e Kroton, anunciada em abril, e recomendou a aplicação de restrições à operação.
A incorporação da Anhanguera pela Kroton, avaliada em R$ 5 bilhões, criou uma gigante global do ensino, com quase 1 milhão de alunos no país. A Kroton Educacional tem 534.392 estudantes, e a Anhanguera, 428.779.
Para o órgão, a união gera alta concentração em três municípios no segmento de ensino presencial e em 55 municípios na educação à distância --incluindo cursos que são oferecidos nacionalmente e os ofertados só localmente.
O parecer do órgão foi publicado ontem no "Diário Oficial da União". Caberá ao Tribunal do Cade analisar a recomendação e julgar quais devem ser as restrições. O Cade pode aplicá-las unilateralmente ou por meio de acordo com as empresas.
Os locais com problemas concorrenciais reúnem 2,7% do total de alunos das duas empresas juntas no segmento presencial. Já a concentração no ensino à distância foi verificada em 171 cursos, que reúnem cerca de 6% do total de alunos das companhias.
Após o anúncio da fusão, a Kroton indicou que havia sobreposição das operações em quatro municípios no ensino presencial, concentração avaliada como baixa por seus executivos na época.
De acordo com a Superintendência-Geral do Cade, se a operação for aprovada sem restrições, haverá risco de prejuízo aos alunos dos cursos e dos municípios, como aumento de preços, redução da oferta de serviços e queda na qualidade de ensino.
Isso porque as instituições concorrentes de Kroton e Anhanguera não seriam capazes de oferecer rivalidade suficiente nos mercados em que foram detectados os problemas concorrenciais.
A avaliação é que as duas companhias, devido à escala e à capilaridade, têm vantagens na captação de alunos, no catálogo de cursos oferecidos e nos preços.
A Kroton comunicou a seus investidores que as companhias buscarão uma solução negociada "tão logo seja possível" para afastar preocupações concorrenciais e obter a aprovação do acordo.
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